O Luso Clube, com Juju, Zé Rosa, Manuel Monteiro, Amilcar, Antonio Joaquim, ? e Carlos Ferreira
Uma baleeira da arte da sacada, então a mais comum em águas de Moçâmedes
Esta foto é panorâmica, vale a pena aumentar para vêr. Trata.se da baía de Moçâmedes nos anos 1940. Aqui aina não havia traineiras,
Outra vista das pescarias que contornavam parte da baía, até meados de 1950
Licenciou-se em Direito em Lisboa onde foi Conservador e por fim Notário em Almada. Faleceu em 2021.
A 1ª traineira de Moçâmedes
Em Portimão encostada à muralha do porto, próxima da «Casa Inglêsa», a primeira traineira que sulcou os mares de Moçâmedes. Comprada pela Cooperativa «Galinho», era de início movida a vapôr através de caldeiras. Nos anos 1940 foi adquirida pela família Grade, residente em Moçâmedes, mas teve que nos estaleiros de Portimão o ser submetida a modificações que incluíram a retirada do cano, uma vez que passou a funcionar a motor a gasoil. a para a Baía dos Tigres, onde ficava a pescaria do proprietário, viajou pelos seus próprios meios. O primitivo nome que lhe foi então dado foi o de «Nossa Senhora da Luz». Ao chegar a Moçâmedes foi baptizada com o nome da filha do proprietário: «Maria José». Viajaram com ela, António Gonçalves de Matos (Sopapo) e outros algarvios dedicados à arte da pesca, que acabaram por se radicar em Moçâmedes, onde permaneceram até à independência de Angola, em 1975. (1)
Em Portimão encostada à muralha do porto, próxima da «Casa Inglêsa», a primeira traineira que sulcou os mares de Moçâmedes. Comprada pela Cooperativa «Galinho», era de início movida a vapôr através de caldeiras. Nos anos 1940 foi adquirida pela família Grade, residente em Moçâmedes, mas teve que nos estaleiros de Portimão o ser submetida a modificações que incluíram a retirada do cano, uma vez que passou a funcionar a motor a gasoil. a para a Baía dos Tigres, onde ficava a pescaria do proprietário, viajou pelos seus próprios meios. O primitivo nome que lhe foi então dado foi o de «Nossa Senhora da Luz». Ao chegar a Moçâmedes foi baptizada com o nome da filha do proprietário: «Maria José». Viajaram com ela, António Gonçalves de Matos (Sopapo) e outros algarvios dedicados à arte da pesca, que acabaram por se radicar em Moçâmedes, onde permaneceram até à independência de Angola, em 1975. (1)
O Amilcar numa zona do topo do morro da Torre do Tombo
Na praia do Mexilhão, junto da Ponta do Pau do Sul (Noronha), em 1953, com os amigos da Torre do Tombo: , Zéziinho Duarte, Norberto Almeida, Lolita Lisboa, Patrício e Carlos Calão.
Na Praia das Miragens, com Zeca Ilha e?
Com o Zéquinha Esteves
Na praia do Mexilhão, junto da Ponta do Pau do Sul (Noronha), em 1953, com os amigos da Torre do Tombo: Patrício, Lolita Lisboa, Zeziinho Duarte, Juju Almeida,Victor Domingos e Carlitos Ferreira
No deserto, à dt., em 1953, com os amigos Norberto Edgar Almeida ( Nor), Carlos Calão, Lolita Lisboa, Patrício, Zezinho Duarte.
Embaixo, à esq. na equipa do GCTT, em 1954/5
A equipa de futebol de reservas do Ginásio Clube da Torre do Tombo, momentos antes da realização de um jogo no campo de futebol da vizinha Porto Alexandre. Da esq. para a dt. em cima: Pedro Eusébio, Aires Domingos, ?, Fernando Pessanha, Rui Abano, Joaquim Gregório e ? Embaixo: Pacheco, John Pereira, Padre Galhano, Fernando Pestana e Amilcar de Almeida. Foto tirada em 1955, e gentilmente cedida por Amilcar de Sousa Almeida. O homem de barbas e barrete negro a que me refiro, trata-se do Padre Guilhermino Galhano, pessoa muito estimada em Moçâmedes, carola do clube azul e branco e do futebol, que ele próprio praticou, descontraidamente, lado a lado com os jovens daquele clube pioneiro. O Padre Galhano era um padre moderno, no bom sentido do termo, que sabia chamar a si os jovens e as crianças da terra. Ele, aliás , depois do catecismo, aos domingos, jogava futebol com as crianças, no descampado que ficava entre a Igreja Paroquial de Santo Adrião e o Palácio do Governador.
Com os amigos da Torre do Tombo e do GCTT; ?. Carlos Calão, Albino Aquino (Bio) e Amilcar
As primitivas pescarias da Torre do Tombo, que contornavam a baía (metade sul)
A Fábrica de conservas "Africana", mais tarde "Sociedade Oceânica do Sul".
TORRE DO TOMBO, bairro onde nasci, cresci e me fiz homem. Que trago na minha memória e no fundo do coração.
Torre do Tombo, terra de pescadores, de homens do mar .Gente de trabalho duro De mãos" gretadas" pela linhas de pesca. De muitas madrugadas a caminho do mar. Das baleeiras de pesca à vela e só depois a motor. Das traineiras que chegaram no final dos anos quarenta vindas de Portimão. Trouxeram novos amigos para a Escola e para o futebol.
A CASA DOS MEUS PAIS, ao lado a casa do meu tio Aníbal e do "casarão" do João Duarte e da D.ª Micas.
DOS COMPANHEIROS DE INFÂNCIA Necas, primo Juju, Zézinho e Miróides.
DA LOJA DO MONTEIRO, pai do amigo Necas, com o forte cheiro dos barris de vinho. Das baleeiras carregadas até mais não de cachuchos e choupas. Cachucho a 50 centavos cada. Dos trabalhadores negros- os contratados - de Caconda, Ganguelas e do Baixo Cunene, " a escalar" e "fazer secar" o peixe nas tarimbas.Por um salário miserável.Das MOCUBAIS, bem giras, com os seus trajes reduzidos e pulseiras com argolas nos braços e pernas.
DOS JOGOS DE FUTEBOL no" descampado " em frente da casa do João Duarte. "Meia-linha" e já está , futebol até ao anoitecer. Faz-se hora de jantar. Torre do Tombo do CHAFARIZ ao centro, onde se enchiam os barris de água para haver água em nossas casas.Dos jogos às escondidas no casarão do Reis. DA ESCOLINHA DO CABO ALMEIDA onde muitos aprenderam as primeiras letras. Cabo Almeida que ajudava as pessoas do Bairro a escrever cartas e requerimentos. e fazia "outras coisas" que não veêm para o efeito.
DO BAIRRO FEIO que para nós era mesmo bonito. Ali vamos nós de BATA BRANCA vestida, a caminho da velha Escola de madeira. Nela fiz "com distinção" a 1ª. 2ª, 3ª e 4ª classes. Das "caniçadas" na cabeça dos cabulões.
Do LUSO , meu clube de palmeiras e bordões, campeões de futebol da rua. Do cheiro a peixe seco nas tarimbas e do "guano" da SOS. Do cheiro a pó das "garroas" que vinham do deserto. Das "armadilhas" aos "papaareias".na serra. Das partidas "aos neófitos" com a caça aos gambuzinos.
Da Casa do Amigo Lisboa, a casa do Brás, e subir as escadinhas até ao Ginásio.
DAS FESTAS DO GINÁSIO nos Santos Populares com as saborosas "iscas" no pão e os bolos confeccionados pelas nossas simpatizantes. Das "malas de peixe seco"oferecidas pelos pescadores ao Ginásio para o Clube poder sobreviver.Ginásio ostracizado como estava pelo Pode" colonial "da Vila Dos "BAILES DA PINHATA" onde se faziam amizades que davam em casamento.
Do FUTEBOL , equipas de honra e de reservas, com o dragão ao peito. G.C.C.T. ! G,C.C.T.! Ginásio campeão de Moçâmedes em 1946 ! Cabouco, Eugenio Estrela, Baraço, Cabral Vieira, Artur Estrela, Lumelino, Eduardo Braz, Abilio, Pombinha, João Ilha e Sopapo, os nossos campeões.Ginásio visita o Lubango em 1953 com a minha equipa. GINÃSIO DO BASKET FEMININO, um grupo de meninas habilidosas e decididas. Convidadas para jogar em Benguela.Fizeram figura. Fazem frente ao Benfica campeão a modalidade.Francelina, Celisia, Helena, Eduarda, Nidia,Paulita e Ricardina, as nossas jovens basquetebolistas. GCTT!GCTT!
Dos amigos e companheiros da adolescência Carlos Lisboa, Zézinho e Calão, também jogadores na equipe de futebol do Ginásio.
Dos GASOLINAS E DOS BATELÕES sulcando A BAÍA, para lá e para cá, num caminho de espuma.
Da estrada de "areia" para a Praia Amélia e Canjeque, onde as rodas dos carros se enterravam e tinhamos um trabalhão para as safar.
DOS GRANDES BANHOS aos Domingos na Praia Amélia, a mergulhar com valentia na forte ondulação. DAS PESCARIAS às garoupas vermelhas com pintinhas no mar das Barreiras,
Do enfermeiro negro Franco do Grémio , que sucedeu por bem ao malogrado Coelho , terror dos "rabinhos" dos meninos e meninas com as injeções de quinino. Dos passeios com os amigos até à PONTA DO PAU DE SUL. Cacau e bolos. Hora de "pescar moreias" nos buracos das rochas, As mais pequenas, fritas , eram uma delícia. Dos bons banhos nas "prainhas" do Pau de Sul. Há que subir a falésia sem medos.
DA PESCARIA DO MEU PAI nas " pedras ", com as suas baleeiras "Laura" e "Maravilha", fundeadas em frente. A "Laura" campeã das regatas à vela. Muito me honrou. Hora de nadar até às baleeiras.De subir a bordo para mergulhos valentes. De nadar para a praia e ali "caçar" tremelgas, chocos e polvos com um arpão.
Da caminhada diária para a ESCOLA DE PESCA,livros e cadernos na sacola, passando pelo casarão azul do João Pereira, pelo velho Hospital de Madeira, pela Igreja e Palácio, até à ESCOLA DE PESCA. Dos nossos mestres Dr.Borges ( Contabilidade ), Tenente Faustino ( Matemática), Drª Brigite ( Português e Inglês), dos Profs, Carrilho ( Caligrafia,Dactilografia e Estenografia) e Cecilio Moreira ( Educação F´isica ).
Da PADARIA DO ESTEVES e dos amigos da bola Nélinho, Trovão e Zequinha. Que fiz a desfeita de marcar um golo de cabeça ao Nélinho pelos Infantis do Sporting.Do Zéquinha que jogou no Sporting de Portugal, ao lado do Travassos. Do cheiro a pó das " garroas" e do cheiro a "guano" da S.O.S.
Da Casa ao cimo da rua da minha querida Avó. Dos afamados "bolos de folha" que ela fazia no Natal e Ano Novo.
Das longas corridas na minha "Raleigh" de casa até à HORTA DO TORRES, com "sacola" para carregar de mangas que "surripávamos" das mangueiras.
DA IGREJA DO PADRE GALHANO com as suas longas barbas e batina " arregaçada" para os jogos de futebol com a malta do catecismo. 14 anos, adeus Igreja, adeus Padre Galhano, é a hora dos jogos de futebol aos Domingos na saudosa Praia do Cano. Que o progresso fez desaparecer com o cais acostável.
PADRE GALHANO que à noite jogava à sueca e socopas no Ginásio com os pescadores, sem "cobrar" O Pai Nosso de cada dia.
A FÁBRICA DA SOS, de atum em conserva, onde o meu Pai entregava o atum que pescava e em troca recebia "vales" que eu ia cobrar no fim de cada mês. Da FALÉSIA que dominava a paisagem da Torre do Tombo onde "os navegantes" que por ali passavam deixavam mensagens a admirar a nossa" Angra do Negro"...
Torre do Tombo do SINDICATO, depois Grémio, com a azáfama das suas duas pontes e o forte odor das "malas de peixe seco" nos Armazéns para exportar , onde trabalhava o meu Avô Manuel Paulo.
TORRE DO TOMBO da " riqueza" da pesca mas TÃO ABANDONADA pelo poder "colonial" da Vila. Treinem-se na rua se quiserem ! TORRE DO TOMBO que deixei em Março de 1956 para vir para Lisboa. Parti com o coração apertado. Adeus baía de Moçâmedes, adeus Ponta do Pau do Sul, adeus Rio Bero, adeus Farol, cá vou pela vida fora.
Para voltar com muita alegria para visitas curtas em 1958, em 1960, 1965 e por último em Março de 2005.TORRE DO TOMBO, O MEU ADEUS ETERNO
Amilcar Sousa Almeida
Amilcar estava gravemente doente há muitos anos a resistir a doença prolongada. Desde 1955 jovem ainda foi estudar para Portugal, onde se formou em Direito, foi Notário, casou e por lá ficou. Faleceu em 2020, e
deixou-nos estas memórias.
(1)
Quando se deu a independência de
Angola, esta enorme traineira pertencia a uma sociedade de que faziam parte Virgilio Gonçalves de Matos,
Francisco Velhinho e Miguel de Freitas. Com o aumentar dos conflitos os sócios resolveram partir de avião para o Brasil,
enquanto a traineira atravessou o mar, rumo às terras de Santa Cruz
(Brasil), conduzida pelo seu mestre, de origem madeirense, que com ele levara a família constituída pela mulher seis ou
sete filhos. No Brasil, em Santos, acabaria vendida dada a dificuldade na aquisição de licenças de
pesca para barcos estrangeiros.
Ver tb: