Texto coberto pelas leis de Copyright. Partilha impõe o respeito por essas leis , identificando o nome e proveniência do autor, sendo considerado PLÁGIO quem não as respeitar. MariaNJardim

24 novembro 2009

Grupo de alunas da Escola Comercial e Industrial de Moçâmedes nos jardins da Avenida da Praia do Bonfim




































Mais um elenco de jovens moçamedenses que na época (1956/7), frequentavam a  Escola Comercial e Industrial de Moçâmedes.

Reconheço, da esq. para a dt.
Em cima: Maria João, Professora ? e  Rosália Bento
Embaixo, mais recuadas: ?, ?, Claudia Guedes, Teresinha Freitas e Laurinda Pereira
Embaixo, mais à frente: Maria José Gastão, ?, Maria Helena Braz de Sousa, Piedade, Leonilde (Nide),  ?Peixinho; Emilia Coelho de Oliveira (Mila) e Antonieta (Boneca)


Em cima, uma bela perspectiva da  Avenida da Praia do Bonfim, que se desenrola sob o «olhar» imponente de uma das duas gazelas que circundam a fonte luminosa, um dos ex-libris da cidade de Moçâmedes.

22 novembro 2009

Recordando gente da nossa terra, Moçâmedes: O Dr. Júlio Mac-Mahon Vitória Pereira



O Dr. Júlio de Mac-Mahon Vitória Pereira, analista, proprietário de um Laboratório de Análises Clinicas  e  professor de Fisico-Quimicas e Mercadorias, primeiro, no edifício antigo Escola Comercial e Industrial  de Moçâmedes e em seguida na Escola Comercial e Industrial Infante D. Henrique, com a extinção daquela,  foi uma das figuras mais carismáticas que Moçâmedes conheceu ao longo das duas últimas décadas da colonização portuguesa, quer como pessoa, quer como professor, tendo, neste aspecto, para o bem e para o mal,  marcado a vida de muitos estudantes.

«Anjo e demónio», Júlio Victoria Pereira ou  Mac-Mahon, como era conhecido,  tanto era capaz de dar uma classicação de 19 valores a um aluno, como de dar um «zero». E tanto era capaz de «dar a camisa» a qualquer aluno que necessitasse de ajuda, como de  mandar umas «galhetas» àquele outro que passasse das «marcas», que ele próprio estabelecia.

Dele, é com um misto de reprovação e de carinho, que assim falam, ainda hoje, alguns dos seus ex-alunos:

«... Só havia um professor por quem esperávamos depois do 2º toque - o Mac Mahon - se fossemos embora ele virava bicho e não se ensaiava nada em distribuir umas galhetas pelos alunos. Também não marcava falta a quem chegasse tarde. Entrávamos na sala só não podíamos dizer nem Bom Dia nem Boa Tarde - estávamos proibidos para não interromper a aula. O Mac era um homem tão bruto como bom. Tinha um coração de pomba. Se via um aluno com os sapatos rotos tirava dinheiro do bolso e mandava-o comprar uns sapatos apresentáveis. Gozava com os contínuos quando eles iam lá ler os comunicados da MP porque exprimiam-se mal. Dizia , lá vem um Kaitô ler uma folha de papel. Quando faltávamos às aulas dele ia-nos buscar de Mini Moke à praia - e ai de quem ousasse em recusar a boleia forçada!!! ....»

«....O "Mac" era um professor fantástico- um touro com coração de pardal - pagava-nos bilhetes para o cinema e vinha buscar-nos de Mini Moke à praia quando faltávamos às aulas...» By Kady Press in Mazungue

«O Dr. Vitória Pereira, de seu nome Júlio Mac Mahon Vitória Pereira foi o professor mais "sui generis" que eu tive. Quando qualquer aluno chegava tarde às aulas só tinha uma coisa a fazer:entrava na sala, não podia dizer nada e sentava-se no seu lugar. Nada de justificações, pois o Mac sabia ler as nossas mentiras. Não se podia era interromper a aula com palavras. De resto, o aluno atrasado não tinha qualquer problema. O Dr. Vitória Pereira tinha um laboratório de análises clínicas perto do antigo campo de futebol.» 
From:   Carlos Pereira in Sanzalangola

Ficou célebre um exame da cadeira de «MERCADORIAS»,  do Curso Geral de Comércio, na Escola Comercial e Induatrial de Moçâmedes, decorrido no início dos anos 1960, em que um aluno de nome Faroleiro foi «espremido até ao tutano» no decurso do mesmo  e no final mandado sentar. A seguir Mac-Mahon chamou a aluna  Manuela Faustino, e na primeira pergunta mandou-lhe descrever o «encadeamento das indústrias». Tomada pelo nervosismo e pela emoção Manuela começou a gaguejar, então o Mac-Mahon virou-se de novo para o  Faroleiro, que já tinha obviamente terminado o seu exame, e mandou-lhe descrever também o mesmo «encadeamento das indústrias». Assustado, o Faroleiro disse: - ó sôtor, eu já fiz o meu exame! Responde o Mac-Mahon:  olha que está a contar!... está a contar...  O que se passou a seguir, já seria de esperar, foi a debandada geral de todos os alunos que já tinham terminado os seus exames e que se encontravam na sala apenas a assistir aos restantes exames.

Mas ainda há mais...

«...lembro-me do Dr. Vitória Pereira ir connosco apanhar umas pedras ao deserto para fazermos os centros de mesa.Belos tempos! que saudades eu tenho de Moçamedes de Angola... (Bálita, Sanzalangola)

«... O Dr. Vitória Pereira, de seu nome Júlio Mac Mahon Vitória Pereira -não sei se está bem escrito - foi o professor mais "sui generis" que eu tive.Quando qualquer aluno chegava tarde às aulas só tinha uma coisa a fazer:entrava na sala, não podia dizer nada e sentava-se no seu lugar.Nada de justificações, pois o Mac sabia ler as nossas mentiras.Não se podia era interromper a aula com palavras.De resto, o aluno atrasado não tinha qualquer problema. O Dr. Vitória Pereira tinha um laboratório de análises clínicas perto do campo de futebol.
Carlos Pereira in Sanzalangola


 «...São ai nas dez da noite. Que estamos sentados no Café Avenida, não na esplanada porque está frio. Devem estar só uns 20 graus e um gajo num pode se constipar. Estamos disse eu porque como evidente não estou sozinho, senão dizia estou. Alem de eu mesmo está o Beto Amorim, filho do Sr. Alberto do Liceu, o Manel Vitoria Pereira e o Ferrão mais velho. 'Que fazem estes putos aqui no Avenida a esta hora?' Perguntou alguém que num sei quem foi. Estamos a aviar garrafas de Dão. O Radio Clube pagou o ordenado, eu invento que faço anos e vamos fazer festa. Duas garrafas chegou para ver que estavam oito na mesa. Mas tem giro é que tinha mesmo dois Betos, dois Ferrão e dois Manel. Como já éramos muitos fomos mesmo até no parque infantil. Eu agarrei uma palmeira e pedi namoro e ainda hoje num sei que foi que me respondeu ela. Melhor mesmo é irmos para casa. Vamos todos levar o Beto. Assim se houver maka somos muitos e vamos estudar. Se entra sem fazer barulho. Entrou todos os oito. Beto directo para o quarto. Entra mãe dele e pergunta:'que estás a fazer?' 'quero beber água fresca' responde ele enquanto tenta chegar ao puxador do guarda-fatos. Foi corrida em nós seis da casa para fora. E agora quem vai levar quem. Manel que é mais novo tem de ser levado a seguir. Passamos na Minhota e como estávamos com sede bebemos uma Nocal preta cada um. Transbordou. Quem aparece quando estamos sentados na avenida, debaixo do carramachão éramos seis ou se éramos mais? O Dr. Júlio Vitoria Pereira no MiniMoke. 'Entrem já todos para aí!' Nenhum dos seis hesitou. Maneles entraram na frente, eu e Ferrões no banco de trás. Direcção: Torre do Tombo. 'Vão apanhar ar nessas trombas'. Que sim. Ninguém mesmo podia dizer outra coisa, pois as palavras ficavam enroladas na boca e num queriam sair. 'Onde ficas?' 'Dr. fico aqui? O miniCaté amanhã e obrigado' mas depois é que vimos que estávamos atrás do campo de futebol, na rotunda. Nós os quatro, eu e Ferrões temos que ir a pé até em casa. Quem vai levar quem? Tá combinado. Vamos pelo Atlético, viramos na esquina do Dentista Francês, e seguimos até à casa do Ferrão. Ficou combinado. Ferrões agora têm de me levar a mim. 'E depois quem me trás a mim?' arrastou a s palavras um dos Ferrões. a ver se ainda parou eu sai por um lado e Ferrão por outro. '
Ainda hoje não sei como acordei em minha casa e na minha cama.
O que valeu mesmo foi que não estava a chover. »
Sanzalando, por JotaCê Carranca in RECORDAR (30)

Ficam mais estas recordações!

MariaNJardim

04 novembro 2009

Desporto em Moçâmedes, Angola: Quadrangular de Basquetebol feminino e de Hóquei em patins: 1956/7?



Francelina Gomes, Capitã da Selecção de Moçâmedes, dá os habituais «vivas», após ter recebido das mãos da esposa do Governador Vasco Nunes da Ponte,  Maria Carolina Nunes da Ponte a taça brilhantemente consquistada. Na pequena tribuna de honra do campo do Sporting Clube de Moçâmedes podemos ver, entre outros, o Capitão do Porto de Moçâmedes, o Governador de Sá da Bandeira, o Presidente da Associação dos Bombeiros de Moçâmedes, Sacadura  Bretes, e a esposa do Governador Vasco Nunes da Ponte.

Também nesta foto podemos ver algumas figuras conhecidas, tais como José Pedro Bauleth, o treinador da equipa do Ginásio da Torre do Tombo (embaixo, junto a Francelina Gomes), e mais à dt, embaixo, Júlia Castro, basquetebolista do Sporting Clube de Moçâmedes. De chapéu, à dt., e um pouco mais acima, Cabral Vieira, tendo por detrás Zeca Pestana.

Selecção de Moçâmedes
Em cima, da esq. para a dt.:Helena Gomes, Celisia Calão, Fátima Abrantes, Bernardete Tavares, Marlene Oliveira e Eduarda Bauleth. Embaixo: Francelina Gomes e Clarabela Trindade.





Arménio Jardim, capitão da selecção Moçâmedes, a equipa vencedora do Quadrangular da Huila de Hóquei em patins, recebe das mãos da esposa do Governador do Distrito, Maria Carolina Nunes da Ponte, a taça brihantemente conquistada. À esq, o Governador da Huila, à dt. o Governador de Moçâmedes, Nunes da Ponte.

Neste VIDEO que começa com a 1ª equipa de basquetebol feminino de Moçâmedes, a equipa do Sport Lisboa e Benfica, surgida no ano de 1949, podemos ver as diversas equipas de basquetebol feminino de Moçâmedes na década de 1950, a grande década desta modalidade desportiva em terras do Namibe. Os clubes eram então: o Ginásio Clube da Torre do Tombo, o Sport Moçâmedes e Benfica, o Sporting Clube de Moçâmedes, o Atlético Clube de Moçâmedes, mas também e embora por muito pouco tempo, surgiu a equipa do Clube Ferroviário de Moçâmedes. Saiba

AQUI pormenores.

Para ver mais: Moçâmedes Memórias Desportivas

30 outubro 2009

VIDEO ACTUAL DA CIDADE DO NAMIBE: ex-MOÇÂMEDES













Filme:interessante e recente da cidade do Namibe.      Apenas uma ressalva:  da Fortaleza de Moçâmedes nunca embarcaram escravos em navios negreiros para o Brasil e Américas. Esta Fortaleza foi erguida já numa fase  posterior ao decreto de Sá da Bandeira, que veio abolir o tráfico em 1836, Acredito que ali teriam estacionado


Fotos:  Museu etnográfico da cidade do Namibe  , fiel depositário dos «salvados» do Império...

Chefe da 1ª colónia de portugueses que, idos de Pernambuco (Brasil) para Moçâmedes (actual cidade do Namibe) na barca «Tentativa Feliz», fugidos da revolução praeeira, ali chegaram no dia 04 de Agosto de 1849, data que ficou a marcar a fundação da cidade.

2ª. O Governador Sebastião Nunes da Matta (1878)

3ª. Vista geral do Museu, onde se podem ver os vários bustos e quadros representativos de alguns dos primitivos Governadores do Distrito de Moçâmedes

4. Foto de Riquita Bauleth, Miss Angola 1971

5. Várias fotos antigas

6. Óleo onde se pode ver a baía de Moçâmedes, a Ponta do Pau do Sul, uma caravela e muito povo na praia...

Clicar AQUI para ver mais sobre este Museu situado no 1º andar do edifício do antigo Hotel Central

VEJA AQUI: PROJECTO NAMIBE

29 outubro 2009

Alunas do Liceu Américo Tomás em Moçâmedes: 1970

















Entre outras/os, ao centro, Riquita Bauleth (miss Portugal 1971) e Carlos Gavino. À dt. Lita (filha da cabeleireira Carlota). À esq., Céu Castelo Branco.
Para ver e saber mais sobre a eleição de Riquita, Miss Portugal 1971, clicar AQUI
AQUI
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Entrevista a Riquita, miss Angola e Miss Portugal 1971: http://www.recordarangola.com/
Entrar
Seguidamente, clicar em "continuar"

depois, em "rádio"
depois, em "ouvir" (dia 03-10-2009)

 

Grupo de Alunas do Colégio de Nossa Senhora de Fátima : 1952/3














Grupo de Alunas do Colégio de Nossa Senhora de Fátima : 1952/3. Foto é grande; clicar sobre ela para aumentar . 

Entre outras que não recordo, estão: 
1ª foto, de baixo para cima e da esq. para a dt.:

1ªfila - Mimi Proença, ?,  Sónia, Magda e Vanda  Madeira, Lena e Conchita Moreira de Almeida, Lourdes Pessoa, Clara Bonvalot, Ruth Madeira; 
2ªfila - Stella Sena, Elsa Radich, Ana Grilo, Proença, Ineida, Lourdes Pessoa, Heloisa Leitão, Manuela Pessoa, Beta Passos Maruqes, Rosario Pacheco; 
3ªfila - ?,  Fati Leitão Almeida,  Margarida Duarte (Guida, com 2 laços), ?, Maria Adelina, ?, Julia Ferreirim (loira com franja), Emilia, Lourdes Russo, ????, Fati Morgado,  Minelvina, as 2 ultimas nao sei; 
4ªfila - Eduarda Astregilda, ?????,  Olimpia Moreira, Rosario Rosa (Bequito), ??? Fatima Pacheco,  Eduarda Almeida (Dada), ????, Eloisa Peixoto, as 7 ultimas nao sei; 
5ªfila - ????, Geninha Amado, ??,  Raquel Radich, Eloisa Trindade, ?, Teresa Carmona, Babisa, Rosa Diogo,???
6ªfila - ??????, Eteldina Carvalho (Tedina), ?, Manuela Faustino, ?, Marieta Madeira, ???

Foto gentilmente cedida por Vina Almeida



2ª foto:  Desfile das alunas do Colégio das Irmãs Doroteias na Rua Costa (paralela à Avenida da Praia do Bonfim), em Moçâmedes, passando ao lado dos Armazéns de Venâncio Guimarães, um dos homens mais ricos de Moçâmedes e de Sá da Bandeira, dedicado à agro-pecuária, à indústria de pesca e laticínios e ao comércio. Mais atrás,  o edifício da Capitania do Porto com a bandeira portuguesa hasteada, e ao fundo, a Fortaleza de S. Fernando.  

Para onde iriam estas meninas num dia de sol, com a estrada deserta? Repare-se no pormenor das irmãs da caridade com «sombrinhas» para se protegerrm do sol. Creio que em Portugal não havia este hábito e que  as ditas sempre e sómente funcionaram como «guarda-chuvas».  Em África davam  para a chuva e para o sol. 

À frente, reconheço Lúcia Camacho e logo atrás, à dt. ? Alves (filha de Hemitério Alves)



HINO DO COLÉGIO DE MOÇÂMEDES

Meu colégio tão querido
Meu vergel de pomos d'oiro
Meu canteiro preferido
Meu trigal ainda não loiro.

Somos as flores mimosas
Do jardim no areal
Só tu nos guardas viçosas
Do leste sopro do mal.

À frente o mar buliçoso
sempre de lá a acenar
Lá longe, ao largo é forçoso
Querer orar, trabalhar.

Bem perto além o deserto
mensagem nova lição
Vive em paz quem é discreto,
Guarda a língua e o coração.

Aprendi nos bancos teus
A lição que vou guardar
A Família, a Pátria e a Deus
Ama com amor sem par.

Quando te deixar um dia
Hei-de guardar em meu peito
Esta eterna melodia
De gratidão e respeito!


Ver também AQUI
AQUI 



(video do encontro, em 2008 das ex-alunas com a madre Moita)

Grupo de raparigas à porta do antigo Colégio de Nossa Senhora de Fátima: 1945/6

Grupo de alunas e catequistas do Colégio Nossa Semhora de Fátima de Moçâmedes, posam para a posteridade na escadaria do antigo colégio situado  à  numa zona próxima do antigo campo de futebol, ao fundo da Avenida da Praia do Bonfim. Já lá vão  quase 70 anos, e parece que foi ontem. Embora fosse mais nova, ainda me lembro de algumas. São elas, de cima para baixo, e da esq. para a dt:

1ªfila- (cima)- ???, Olimpia Aquino, ????,
Ludovina Leitão
2ª fila- ???, Élia Paulo,?, Maria Emilia Ramos
3ª fila- Didi Carvalho, Dina Ascenso, ????? Lurdes Ilha,?

5ª fila- ???, 6ª fila??? 7ª fila ????, Fernanda Anselmo Braz de Sousa, ??? Henriqueta (Miqueta) Barbosa ??
Hirondina Mangericão. Lena Freitas (Barata)
6ª fila-???, Néné Trindade, ???
7ª fila :(sentadas/frente)?, Fátima Cunha, Luzette Sousa, Odete, irmã da Luzette, Orbela Guedes e ??


(Clicar na foto para aumentar)
Dedico-vos esta bela canção: clicar AQUI

22 outubro 2009

Gente de Moçâmedes: familia Lopes

















No parque infantil de Moçâmedes:
Da esq. para a dt:
Em cima: Maria Lopes e Florinda Jardim
Embaixo: ?, Justino Lopes e irmã.

13 outubro 2009

Atletas do Ginásio Clube da Torre do Tombo. Moçâmedes, 1955.
















Atletas do Ginásio Clube da Torre do Tombo. Moçâmedes, 1955. São eles, da esq. para a dt.: Carlos Manuel Guedes Lisboa (Lolita), Amilcar de Sousa Almeida, Albino Aquino e Carlos Vieira Calão.
1953.

12 outubro 2009

Toninhas (golfinhos), focas, pinguins, alcatrazes, albatrozes... no mar de Moçâmedes



Diving II










Quando se cita a fauna angolana ignoram-se as famílias de toninhas ou golfinhos negros brincalhões (1ª e 2ª fotos) que de longe em longe visitavam a baía de Moçâmedes aproximando-se dos banhistas (na zona entre a jangada e a Praia das Miragens) exercitando desse modo seu costume de salvar náufragos, porque para elas, qualquer ser humano nadando junto à praia é um náufrago potencial que deve ser empurrado para terra e nem sempre com a delicadeza que seria necessária. Essas negras e volumosas toninhas ou golfinhos que, de salto em salto, vinham avançando até aos banhistas causando-lhes momentos de pavôr, delírio e admiração.


Quando se cita a fauna angolana ignoram-se as focas que surgem nos meses de Junho ou Julho sulcando as águas das baías do sul de Angola ou refastelando-se nas areias das praias, tomando banhos de sol como qualquer um de nós.

I
gnoram-se os pequenos e engraçados pinguins de «casca preta e branca» (foto 9), que de quando em quando vinham até nós, e que não raro eram levados por algumas crianças para os quintais de suas casas onde facilmente se aclimatavam, e de tal modo, que era vê-los a serem levados por elas com o seu passinho bamboleado e uma corda atada ao pescoço, rumo à Praia das Miragens para uma saudável banhoca... E os albatrozes, os alcatrazes e os garajaus que voavam baixinho à espera da companhia dos barcos que viajavam para sul ou se atiravam ao mar em mergulho picado à caça do peixe que do alto anteviam.

Toda esta fauna se deve à corrente fria de Benguela, modeladora do clima, modeladora da costa e das várias ilhas e penínsulas sedimentares que se localizam sempre a norte da foz dos grandes rios (Cunene/Baía dos Tigres).
Se o mar do distrito de Moçâmedes era e é um mar riquíssimo em pescado, este aspecto fica dever-se à corrente fria de Benguela que constitui um dos mais importantes factores de moderação climática da zona.

Como funciona este assunto?

De maneira bem simples. Um dos braços da corrente quente do Brasil que aparece sobre o Equador, avança para o Atlântico Sul e acompanha as costas do Brasil e da Argentina. Nos mares da Antártida choca contra as geleiras da região, apodera-se de icebergues e mistura-se com outras correntes de água fria. Então começa a desviar-se em direcção à costa ocidental de África e passa a denominar-se «corrente fria de Benguela».

Cada icebergue que se desprende é um zoológico ambulante que vai arrastando consigo grupos de focas e pinguins, muitos dos quais terminam a sua viagem nas praias da Baía dos Tigres, Porto Alexandre (actual Tômbua) e Moçâmedes (actual Namibe).

..................
Assim eternizou o poeta moçamedense, Angelino da Silva Jardim, o gesto vil que um dia, na década de 1950, fora perpetrado alí bem junto à Fortaleza e a praia, contra uma dessas focas que um dia a nós viera...



FOCA

Foi morta, a tiros vis, a foca, a Grande foca
Que, um dia, a nós viera,
Que deixara, no polo, a neve e a sua toca,
Seguindo uma quimera.

E que, depois, aqui, no centro do jardim,
Num tanque aprisionada,
Foi o enlevo, o riso, o mágico arlequim
De toda a pequenada!

Nostálgica do mar, sofreu a sua dor
Em paz e humildade,
Até que, um dia, um pobre sonhador
Lhe deu a liberdade!

Antes não fora assim, antes não fora,a morte
Rondava à beira-mar,
Toda incarnada em ti, homem de negra sorte
E de sinistro olhar!

A frio, sem tremer, sem uma hesitação,
O ente iluminado
Atira e atravessa, a rir, um coração
Ao seu sincronizado!

Guiou-lhe a mão letal o instinto assassino
Do homem das cavernas
Que a cabeça esconde em face do destino
E pensa com as pernas!

Nero era mau e vil, um ente sanguinário,
Um monstro matricida,
Que alimentava, em si, o sonho visionário
De destruir a vida!

Mas era simplesmente um bárbaro inculto,
Um cérebro doente
E a História, ao pesar o seu viver estulto,
Se queda indiferente!

Mas tu, filho da... luz, da civilização,
Que podes alegar
Se, um dia, a tua vil e criminosa acção
Alguém quiser julgar?!

Que foste previdente e a praia libertaste
De um animal feroz?
Ou que outra razão estúpida inventaste
Para o teu crime atroz?!
Para a sociedade és sempre o ilustre capitão,
Mas, para as crianças, tu... não passas de um papão
Que fere e que destrói a frio, sem piedade,
Sem alma, sem respeito e sem humanidade|!
Olha em redor, a vida é sonho e é grandeza
E tu vives também e és bicho com certeza!

Angelino da Silva Jardim

Poeta moçamedense


REZA DO CHACAL NA PRAIA DO NAMIBE

Sob o azul frio da rosa praia do esqueleto,
nesse deserto sem regresso e sem começo,
conhece a frágil foca cria o férreo preço
da estranha sede do chacal de dorso preto.

«Rego com o sangue da pequena foca triste
as dunas onde planto os ossos de gaivota,
e nesta horta a noite é dócil e derrota
o vento vil que contra o sonho não resiste.

Não chores, oh pequena foca triste, não
chores. Dos ossos da gaivota nascerão
caras de peixe, e dessas máscaras de mágoa,
sete ribeiros quais teus olhos doce água.»

Silêncio e noite no Namibe areal…
um oásis grita no uivo do chacal.


Autor: Mayyahk
(2002/01/01 23:55)

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Créditos das 5ª, 6ª e 7ªas fotos: Recordar Angola de Paulo Salvador