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A Escola N. 55 de Moçâmedes ou ESCOLA PORTUGAL em fase de construção, na década de 1930
A Escola Portugal foi a primeira que nasceu com instalações próprias, era a melhor escola primária da cidade e distrito, e saiu da fusão, em 20 de Maio de 1925, das escolas masculina e feminina de Moçâmedes, que se juntaram num único estabelecimento, ainda antes do golpe militar de 28 de Maio de 1926, que levou à queda a 1ª República, e à instauração do Estado Novo. O empenhamento na Educação foi aliás bandeira do regime republicano.
O Diploma legislativo do Alto-Comissariado da República Portuguesa em Angola, António Vicente Ferreira atribuiu, em 16 de Abril de 1927, às
escolas primárias, nomes de figuras mais ou menos destacadas da História
de Portugal e da História de Angola (Patronos), e fundiram-se
nesta altura os sectores masculinos e femininas das escolas da Torre do
Tombo e de Porto Alexandre. Outrora meninas e meninos não se misturavam, havia uma separação mais acentuada entre os sexos e as próprias matérias apresentavam maiores diferenças.
O Patrono da Escola Portugal era Fernando da Costa Leal, o 5º Governador de Moçâmedes, que tinha apenas 28 anos de idade quando foi nomeado para cargo. Considerado um grande governador, homem de grande iniciativa, valor, rara
tenacidade, ficou conhecido como figura principal da acção
colonizadora do sul de Angola. A ele Moçâmedes ficou a dever:
- a sua planta topográfica, com a abertura de ruas largas, traçadas em rectas à
boa maneira pombalina;
- o incentivo à construção de prédios de
agradável aspecto;
- a primeira estrada da região;
- as obras da
continuação e conclusão da Igreja paroquial de Santo Adrião cujos trabalhos iniciados em 1849 tinham sido suspensos;
- o primeiro o
reconhecimento da região do Cunene, por terra;
Mas outras realizações se ficaram a dever s este Governador:
- foi quem baptizou o rio Cunene como o “ Rio dos Elefantes”;
- colaborou no traçado de uma carta geográfica de Angola;
- fez erguer a Fortaleza de S. Fernando no local do antigo forte sobre o rochedo que domina a baía;
-melhorou e levou a cabo a construção do primitivo Hospital;
- determinou a edificação do
Palácio do Governo, (um dos mais bonitos do ultramar português),
e várias casas para serviço público;
- mandou construir o edifício da alfândega
-fomentou o comércio, agricultura e a indústria.
Também a ele se ficou a dever a concessão das primeiras licenças de pesca comercial, na Baía das Pipas.
Em
Moçâmedes (cidade capital de distrito com o mesmo nome) existiam as
seguintes escolas primárias: a Escola Portugal ou Escola 55 de Fernando
Leal, criada em 22 de Abril de 1926,
a Escola nr. 49 (desconheço o Patrono)
e a Escola n. 56 de Pinheiro Furtado, na Torre do Tombo.
A
Escola Portugal era a escola das nossas aflições na altura dos
exames nacionais. Era ali que os alunos de todas as outras escolas iam
prestar provas de exame, não apenas do primário e de admissão para o
secundário, mas por vezes e em determinada altura, também do secundário.
Naquele tempo em as aulas e os exames decorriam segundo o modelo e o
calendário metropolitano, isto quer dizer que não só os programas eram
os mesmos, como os períodos das férias escolares de três meses
coincidiam com os da Metrópole. Neste caso, as férias na Metrópole
decorriam no Verão, e as férias em Angola e demais colónias, decorriam
em pleno Inverno, uma vez que as aulas terminavam para todos em Junho.
Éramos os eternos sacrificados do sistema! Numa terra de clima quente,
em vez de estarmos na praia, estávamos encerrados no interior das salas
de aulas, enquanto na mesma altura as crianças metropolitanas se
divertiam e colhiam os benefícios do sol e da praia. O regime tinha
destas coisas! As colónias deviam estar eternamente submetidas às
directivas da Metrópole, e nem os Governadores Gerais possuíam a mínima
autonomia para legislar.

Nos anos 1950 era director da Escola Portugal Escola o Professor Marques. Foto Salvador.
O professor Marques com alunos da Escola Portugal. Foto cedida por uma conterrânea.
Na escadaria da Escola Portugal, nos anos 1940. Naquele tempo os alunos do sexo masculino era obrigados a filiar-se na Mocidade Portuguesa, como aqui se pode ver envergando a respectiva farda. Isto remete-nos para a ideologia do Estado Novo para a Juventude, sobre a qual nos debruçaremos mais adiante. Foto Salvador.
Esta foto mostra-nos a professora Berta e os seus alunos e alunas nas escadarias da Escola Portugal, por volta de 1940. Alguém me sabe dizer quem são estas meninas e estes meninos? Consigo reconhecer, sentadas, a Dina Ascenso e a Cecilia Vitor (a 2ª e a 3ª sentadas, embaixo, a contar da esq. para a dt.); de pé, à esq. na 2ª fila, junto de um cão, a Calila Rodrigues. Na 3ª fila à dt, por detrás de uma jovem com laço, a Helena Freitas (Barata); na 4ª fila, à dt. Eduarda (Malaguerra), e na 5ª e última fila, à dt, Aninhas Gouveia.
Na escadaria da Escola Portugal, nos anos 1940, só raparigas... Foto Salvador.
Reconheço,
de cima para baixo, e da esq. para a dt:, no 1º degrau: Manuela Madeira
(prima da Mimélia e da Maria do Carmo Abreu), Odete Lisboa Braz,
Bernarda Cochat, Octávia de Matos, Etelvina Ferreira, Maria do Carmo
Abreu, Maria Amélia (Mimélia) e Lucília Falcão. No 2º degrau: Cremilde
Victor, Né Figueiredo, Maria Luisa Ferreirim, Maria Adelaide Abreu,
Edvige, Professora Berta, Maria Emilia (enteada do Coelho enfermeiro),
Isilda Tomás, Elizette Gouveia, ? Coquenão, Alice Freitas, Bico (neta do
velhote Bonvalot), Orlanda Teixeira (Cabeça), Salomé Inácio,Olimpia
Aquino, ?, e Jaqueline Simão. No 3º degrau: Maria Isabel Ferreirim,
Aninhas Gouveia, ? Godinho (tranças), ?,?,??. Entre as 8 mais à dt.
desta fila: Emilia Coelho? de tranças, Eduarda Malaguerra, ?, um pouco
mais abaixo, Madalena Freitas (Barata) , irmã da Aidinha, um pouco mais
abaixo, Lili Trabulo, um pouco mais acima , Alice de Castro, Professora
Benvinda (de preto), Maria do Carmo Bauleth de Almeida, Ernestina e ?.
No 4ª degrau: junto ao vão da escada, Maria Simão, Ludovina, Iolanda
Freitas, Maria Helena Ramos, professora Felismina mais ao centro a
caeismatica professora D. Aline, ????? e mais ´dt., Luz Gavino (com a
mão na escada e laço na cabeça). No 5º degrau: Leta Abreu (com o braço
no vão da escada), ?,?,?,?, Amélia Mangericão, ? Pereira (filha do
mestre Alfredo, ?????????? Noémia Bagarrão (do Baba), Lili Trabulo. No
6º degrau: ??????????????? . No 7º degrau: Prof. na Escola de Pesca,
filha de um capitão da Fortaleza, ? , Maria Simão (encostada ao pilar),
?. Manuela Bajouca, ?, ?, ?,?,?,?;Estrela, ??? ??????? Maria Emilia
Ramos (junto ao pilar à dt.), Lida Pires Correia, ?,?,. No 8º degrau:
?,?,?, . No 9º degrau: ?, ?,?,?,?,?,?, Orbela Guedes (de laço na cabeça,
ao centro), a filha do Prof Freire, e um pouco à frente, Lúcia Reis,
?,?, Henriqueta Barbosa-Miqueta, com laço na cabeça, Lizete Ferreira,
??, Ilda Silva, ???. No último degrau: Isabel Valente (risco ao meio e
laços),?, ?,Edith Pinho Gomes (tranças)?,?, Herondina Mangericão (a 5ª,
de caracois), Fátima Cunha, Maria Augusta Esteves, Elizete Costa
(Sintética), ?, Noémia Bagarrão Martins Pereira?,?,Néné Trindade
(tranças),?. Foto e nomes gentilmente cedidos por Maria Etelvina
Ferreira de Almeida.